Você estava esperando uma ligação de sua filha há meia hora, e ela ainda não ligou. Ela também não está atendendo suas chamadas. Você sente seu coração acelerado enquanto seus pensamentos correm: E se ela tiver sofrido um acidente de carro? E se algo terrível tiver acontecido? E se…?
Esses tipos de pensamentos ansiosos são comuns. Quando as coisas não saem como planejado, e não sabemos o motivo, é tão fácil presumir o pior.
Na maioria das vezes, no entanto, essas coisas acabam sendo inconveniências inofensivas ou pequenos mal-entendidos.
Mas como lidamos com essa preocupação que parece tão terrível? Como nos libertamos de seu domínio?
Tudo começa com nossos pensamentos.
É por isso que vamos aprender como lidar com eles. Os acalmamos desafiando-os diretamente. Então podemos determinar se nossos medos são válidos ou se são um produto de nossas imaginações hiperativas.
Então aqui está uma visão geral do que vamos abordar:
- O que são pensamentos ansiosos?
- O que a Bíblia diz sobre pensamentos ansiosos
- Como lidar com pensamentos negativos
- Por que os Adventistas se importam com a saúde mental
Se você está procurando soluções para lidar com essas coisas, comece percebendo que é possível. À medida que entendemos a natureza dos pensamentos, estaremos mais bem preparados para lidar com eles.
O que são pensamentos ansiosos?
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Pensamentos ansiosos são pensamentos que nos causam sentimentos de ansiedade, preocupação ou medo. Eles são frequentemente desencadeados por eventos ou situações. (Embora às vezes, nossa própria ruminação também possa trazê-los à tona.)
A Associação de Saúde Mental do Canadá aponta que a ansiedade tem três aspectos:
1. Um pensamento ou expectativa de que algo negativo acontecerá
2. Sintomas físicos, como tensão, aumento da frequência cardíaca, palmas das mãos suadas ou um nó no estômago
3. Uma ação, geralmente uma resposta de luta ou fuga (ou congelamento).
Esses três aspectos estão alinhados com a terapia cognitivo-comportamental (TCC), um método bem conhecido na psicoterapia hoje. De acordo com a TCC, um evento ativador leva a uma crença, que então leva a uma consequência. A consequência é ou um sentimento ou um comportamento.
Essa cadeia é o ABC(em inglês: Activating event > Belief > Consequence) da TCC:
Evento ativador > Crença > Consequência.
A ideia é a seguinte:
O que escolhemos acreditar sobre uma situação determina como nos sentimos em relação a ela e como respondemos a ela.
Assim, quando nos sentimos preocupados ou com medo, é porque escolhemos ver uma situação de uma maneira que causaria esses sentimentos. Nossos pensamentos são os culpados.
Vamos adicionar uma perspectiva bíblica à nossa compreensão.
O que a Bíblia diz sobre pensamentos ansiosos
A Bíblia nos ensina que o que pensamos tem uma conexão direta com quem somos (Provérbios 23:7). Por essa razão, nos encoraja a pedir a Deus que examine nossos corações em busca de pensamentos ansiosos, para que Sua verdade seja colocada ali em vez disso.
“Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças.” (Filipenses 4:6, ACF).
O salmista Davi viveu isso quando orou:
“Vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno” (Salmo 139:24, ACF).
Nós também podemos orar e pedir a Ele que examine nossos corações e nos mostre os pensamentos ansiosos que alimentam nossas preocupações e medos.
Na maioria das vezes, esses pensamentos não serão verdadeiros.
No entanto, às vezes, eles podem ser verdadeiros, mas não úteis.
Deus quer que expressemos pensamentos verdadeiros e úteis em nossos corações (Salmo 15:2), porque Ele sabe que nossos pensamentos moldarão nossos sentimentos e comportamentos.
Ele nos convida a pensar sobre “tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama” (Filipenses 4:8, ACF).
E, felizmente, não precisamos adivinhar o que é verdadeiro.
A Bíblia é nossa fonte de verdade (João 17:17). E ali vemos isso vivido em Jesus (João 14:6).
Deus quer que substituamos nossos pensamentos negativos por pensamentos precisos e úteis. Na próxima seção, entraremos nos detalhes de como fazer isso.
Como lidar com pensamentos negativos
Lidar com pensamentos negativos envolve identificar nossos padrões de pensamento, desafiá-los e substituí-los por pensamentos que sejam verdadeiros e úteis.
O Dr. Neil Nedley, um médico adventista do sétimo dia e palestrante de renome mundial que dirige um programa de recuperação da depressão e ansiedade, promove esse método em seu livro A Arte Perdida de Pensar. Ele diz:
“O objetivo é desafiar e questionar sistematicamente seus pensamentos, descobrir se são válidos e questionar sua precisão. Ao analisar e refletir sobre o que você está pensando, você será capaz de ver se está reproduzindo mensagens antigas e disfuncionais em seu cérebro.”1
Mas por que não podemos simplesmente ignorar a preocupação e a ansiedade? Às vezes parece que seria melhor evitar pensar em coisas que nos incomodam ou nos fazem preocupar…
Acontece que, quando ignoramos essas emoções, estamos nos prejudicando – mas não apenas psicologicamente. A supressão emocional nos afeta em um nível físico.
Pesquisadores da Escola de Saúde Pública de Harvard e da Universidade de Rochester observaram que, ao longo de 12 anos, pessoas que suprimiam suas emoções tinham taxas mais altas de morte, incluindo por câncer.2
E aqueles de nós que tentaram ignorar nossa ansiedade sabem que muitas vezes isso intensifica os sentimentos. No final, nos sentimos pior!
Precisamos de uma maneira melhor de lidar com sentimentos de ansiedade. Por que não tentar esses três passos?
1. Identificar o pensamento.
2. Desafiar o pensamento.
3. Substituí-lo pela verdade.
São passos simples, sim. Mas exigem consistência e persistência para que possamos desenvolver hábitos de pensamento mais saudáveis.
Por favor, observe: Este artigo não deve ser considerado como aconselhamento médico. Se você ou um ente querido está lutando com uma doença mental, incluindo um transtorno de ansiedade ou transtorno de pânico, por favor procure um profissional de saúde mental. Fazê-lo não é falta de fé.
1. Identifique o pensamento.
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O primeiro passo para desafiar pensamentos ansiosos é tornar-se consciente deles. Quando seu estômago se contrai e o calor sobe às suas bochechas, o que você está pensando naquele momento?
Você poderia estar sucumbindo a um padrão de pensamento negativo?
No livro “A Arte Perdida de Pensar”, o Dr. Nedley aborda dez distorções de pensamento comuns em aconselhamento e psicologia.
Veja se o seu pensamento negativo se encaixa em uma destas categorias:
- Pensamento tudo-ou-nada — Tudo é preto ou branco; não há meio-termo. Você pode pensar, Se eu não cumprir esta tarefa perfeitamente, sou um fracasso total.
- Super generalização — Você tira conclusões de uma única experiência negativa, esperando que todas as experiências futuras sejam iguais. Por exemplo, não fui contratado para o emprego. Nunca conseguirei nenhum emprego.
- Filtros mentais — Você foca no negativo enquanto filtra o positivo. Você pode destacar a única coisa que deu errado entre muitas coisas que deram certo.
- Desconsiderar o positivo — Você arranja razões para que algo positivo não seja realmente assim. Quando alguém elogia uma apresentação que você fez, você responde, “Foi sorte,” ou pensa para si mesmo, eles estão apenas sendo simpáticos.
- Leitura da mente – Você assume que sabe o que alguém está pensando sobre você ou uma situação. Por exemplo, quando sua vizinha não acenou para você, você pensou: ela não deve gostar de mim.
- Adivinhação – Você prevê um resultado negativo antes que aconteça. Você pode assumir que algo ruim aconteceu com sua filha porque ela não está atendendo suas ligações.
- Magnificação – Você exagera problemas e erros. Esse padrão de pensamento muitas vezes é acompanhado pela minimização de boas qualidades.
- Raciocínio emocional – Você acredita que a forma como se sente reflete a realidade. Você pode pensar, Eu me sinto incapaz, então devo ser.
- Rotulagem – Você atribui traços negativos a si mesmo ou a outros com base em erros e deficiências percebidas. Você pode se dizer, Eu sou um fracasso ou sou chato, então mereço ficar sozinho.
- Personalização – Você assume a responsabilidade pessoal por coisas fora do seu controle. Por exemplo, um pai pode pensar, É minha culpa que meu filho tenha sofrido um acidente. Eu deveria tê-lo avisado para dirigir com cuidado na chuva.
2. Desafie o pensamento.
Agora que você identificou seu padrão de pensamento negativo, é hora de desafiá-lo. Fazer perguntas a si mesmo é uma maneira eficaz de fazer isso.
Aqui estão algumas para você começar:3
- Este pensamento é verdadeiro? Qual é a evidência para isso?
- Quais são outras maneiras de ver a situação?
- Quão provável é que meu medo aconteça? O que é mais provável de acontecer?
- Este pensamento me ajuda ou me prejudica? Como?
- O que eu diria a um amigo com essa mesma preocupação?
Ao fazer essas perguntas, é fácil identificar razões desnecessárias para se preocupar. E elas também nos preparam para o último passo…
3. Substitua pela verdade.
Quando reconhecemos nosso pensamento negativo pelo que ele é, estamos prontos para substituí-lo pela verdade da Bíblia e pela verdade da situação.
A Bíblia chama esse processo de “levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2 Coríntios 10:5, NVI).
Ao trazermos nossos pensamentos a Deus e substituí-los, Ele nos liberta (João 8:32).
Aqui estão alguns exemplos de verdade – tanto versículos bíblicos quanto realidade – que podem substituir nosso pensamento ansioso:
| Pensamento Negativo | A distorção | A Verdade |
| Não posso cometer erros. | Pensamento tudo ou nada | Todos nós cometemos erros, mas Deus nos oferece graça e perdão (1 João 1:9). |
| Minha mãe me abandonou quando eu era criança, então estou destinado a ficar sozinho pelo resto da vida. | Generalização excessiva | Deus diz: “Nunca te deixarei, nem te desampararei” (Hebreus 13:5, ACF). |
| Não consigo me perdoar quando disse algo que magoou minha irmã. (Mesmo que tenha sido pequeno comparado aos muitos momentos maravilhosos que vocês passaram juntos.) | Filtro mental | Sua irmã lembra de todos os momentos maravilhosos com você—ela não está se fixando naquela vez em que você disse algo que a magoou.. |
| Eles estavam apenas dizendo que gostaram da minha apresentação para serem educados. Na verdade, não sou bom o suficiente para esse papel. | Descontando o positivo | Você pode ter confiança em quem Deus o fez. Ele lhe dá força e sabedoria quando você não se sente bom o suficiente (Filipenses 4:13; Tiago 1:5). |
| Meu vizinho não acenou de volta para mim. Ela não deve gostar de mim. | Leitura da mente | Seu vizinho pode não ter visto você acenar. Ela poderia estar preocupada com outros pensamentos. E mesmo que seu vizinho não gostasse de você, seu valor vem do amor de Deus por você (Jeremias 31:3). |
| Tenho medo de que algo ruim aconteça. | Adivinhação da sorte |
Deus tem “pensamentos de paz e não de mal” para você (Jeremias 29:11, ACF). e “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo” (Salmo 23:4, ACF). |
| Eu não consigo lidar com essa situação! É muito difícil para mim. | Ampliação | Deus diz que você pode fazer todas as coisas por meio de Cristo (Filipenses 4:13). |
| Eu sinto medo. Eu não devo ter nenhuma fé. | Raciocínio emocional |
Deus deu a cada um uma “medida de fé” (Romanos 12:3, ACF). e “…Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível” (Mateus 17:20, ACF). |
| Sou um rejeitado e um ninguém. | Rotulagem | Deus diz que você é “aceito no Amado” (Efésios 1:6, ACF). |
| Eu me pergunto se isso aconteceu comigo porque Deus está me punindo. | Personalização | Deus entende as nossas fraquezas e é cheio de misericórdia para conosco. Ele não nos trata conformemerecemos (Salmo 103:10–14). E as coisas que nos acontecem podem ser apenas parte da aleatoriedade do nosso mundo confuso (Mateus 5:45). |
A boa notícia é que para cada uma das mentiras que contamos a nós mesmos, Deus tem algo em Sua Palavra para contrariar. Ele nos liberta para desfrutar o momento presente como uma bênção d’Ele.
E é por isso que este tema é tão importante para nós como Adventistas.
Por que os Adventistas se preocupam com a saúde mental
Adventistas se importam com a saúde mental porque Deus se importa com ela. Ele deseja que experimentemos a liberdade que vem de pensar e viver a verdade. Ele sabe que nossas mentes estão conectadas com nossos corpos e que se influenciam mutuamente.
E é porque Ele nos criou assim. Somos “de modo extraordinário e maravilhoso feitos”(Salmo 139:14, ACF).
A Bíblia nos chama a “amar o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e de todas as suas forças” (Marcos 12:30, ACF). Isso abrange todos os aspectos de nossas vidas – nossas emoções, espiritualidade, pensamentos e corpos.
Quando cuidamos de nossas mentes pensando em pensamentos saudáveis, mostramos amor ao nosso Criador. E a saúde de nossas mentes impacta a saúde de nossos corpos. Por outro lado, cuidar de nosso bem-estar físico é uma forma de apoiar uma mente mais saudável. Estes são todos importantes princípios de saúde adventistas.
Você pode se libertar de pensamentos ansiosos.
Mais do que tudo, Deus quer que você esteja livre de preocupações e medos, experimentando a alegria mais plena em sua vida diária (João 10:10; 15:11, ACF).
E esse tipo de vida resulta em acreditar e viver a verdade.
Se você se viu atormentado por pensamentos ansiosos, saiba que Deus quer libertá-lo deles. Ele está aqui para ajudá-lo a identificá-los, desafiá-los e substituí-los por pensamentos úteis e precisos.
Ao fazer isso, você estará no caminho para uma mente mais saudável que pode amá-Lo mais plenamente.
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- Nedley, Neil, The Lost Art of Thinking (Nedley Publishing, 2011), p. 20. [↵]
- Chapman, et al., “Emotion Suppression and Mortality Risk Over a 12-Year Follow-Up,” Journal of Psychosomatic Research, vol. 75(4), 2013, pp. 381–385. [↵]
- “Are Your Thoughts Holding You Back?” Alice Stapleton Career Coaching, Feb. 23, 2014. [↵]
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